Unidade Regional de Fiscalização Leste de Minas (URFIS-LM), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) realizou, em abril de 2025, a Operação Repressiva Clímax, com o objetivo de coibir práticas ilegais de desmatamento e aplicar as medidas administrativas previstas em lei. A iniciativa reforça o papel estratégico da fiscalização ambiental no combate à degradação de áreas nativas e na proteção da biodiversidade da região.
A operação integrada entre as Unidades Regionais de Fiscalização do Leste de Minas e do Jequitinhonha teve como foco áreas sob pressão ambiental, especialmente aquelas cobertas por remanescentes de Mata Atlântica — bioma que segue ameaçado pela expansão urbana, agrícola e industrial. De acordo com o Atlas da Mata Atlântica, entre 2022 e 2023, cerca de 14.697 hectares de florestas nativas foram desmatados no Brasil.
Durante as ações de campo, foram identificadas infrações ambientais em 71% das áreas fiscalizadas, com registro do uso de máquinas como meio comprobatório das irregularidades. Em alguns casos, os desmatamentos representavam a expansão de áreas anteriormente degradadas, configurando reincidência em condutas irregulares. Também foram constatados casos de descumprimento de embargos e suspensões administrativas vigentes, evidenciando resistência ao cumprimento da legislação ambiental.
Até o momento, o valor das multas aplicadas ultrapassa R$ 2,5 milhões. As medidas administrativas já estão sendo providenciadas para garantir a responsabilização dos infratores.
Tecnologia e estratégia
Para a operação, foram selecionados 36 alvos com base nos alertas de desmatamento identificados pelo Programa Brasil M.A.I.S., que somavam aproximadamente 259,01 hectares. A triagem priorizou áreas de maior extensão de desmatamento e que não haviam sido recentemente fiscalizadas, maximizando a efetividade das ações em campo.
As áreas fiscalizadas refletem um cenário de uso intensivo do solo e pressão antrópica crescente. Em municípios como Novo Cruzeiro, o histórico de ocupação ligado ao extrativismo mineral deu lugar à agropecuária, atividade que impulsiona o desmatamento até hoje. Já Ladainha, que abriga trechos da Área de Proteção Ambiental (APA) do Alto Mucuri, demanda atenção especial, pois trata-se de uma Unidade de Conservação voltada à proteção e uso sustentável dos recursos naturais.
Preservação e fiscalização
O coordenador da operação, Daniel Colen, destaca que ações repressivas como a Clímax são essenciais para conter o avanço da degradação ambiental e garantir a efetividade de políticas públicas voltadas à preservação dos ecossistemas mineiros. “A fiscalização cumpre um papel fundamental na defesa do meio ambiente e na promoção do uso racional dos recursos naturais, especialmente em áreas frágeis ou protegidas por lei”, afirma.
A atuação articulada da URFIS Leste de Minas e URFIS reafirma o compromisso do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) com o cumprimento das normas ambientais e com a conservação do patrimônio natural de Minas Gerais.
O nome da operação origina-se do estágio final da sucessão ecológica da vegetação, fundamental para a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. A conservação desse estágio é crucial para preservar a saúde e o equilíbrio dos ecossistemas naturais. Esse significado reflete diretamente a atuação da equipe durante a operação, onde repressão e conscientização, por meio das ações de fiscalização, desempenham um papel essencial no enfrentamento ao desmatamento.
Tais esforços buscam impedir a supressão da vegetação, de forma a garantir que a vegetação em estágios iniciais ou intermediários possam alcançar esse estágio final.
Joana Nascimento
Ascom/Sisema